ABBA “honey, honey” (1974)

 

http://www.youtube.com/watch?v=qeGtaSWzFRA

 

 

Lembrança dos ABBA

 

 

#1

Lembro-me

no auge de

uma paixão

 

ter à muito

sentido um

calorzinho,

 

não quer de

todo dizer ___

insatisfação,

 

mesmo se

veio do meu

amorzinho.

 

 

(ai, esses difíceis

amores, mesmo

toda molhada!).

 

 

#2

À que ser

realista e tudo

imaginar,

 

no regresso

a casa fazer

___ o jantar,

 

mais banhos

para dar e o

cão passear,

 

pouco tempo sobra

para com o corpo

___ gastar.

 

(ai, esses difíceis

amores, mesmo

bem acordada!)

 

 

#3

À noite deixo-me

adormecer no

___ sofá,

 

de revista aberta

sonhando ser

___ desejada,

 

mas quando o

fato do marido

ainda não está,

 

sobre a cama pronto

esqueço-me de ser

___ encontrada.

 

(ai, esses difíceis

amores, mesmo

a dormir!)

 

 

#4

Já não há mais

fantasias ao

___ luar,

 

quanto mais de

adolescente outras

___ porcarias,

 

por sermos

consideradas 

___ velharias,

 

mesmo se teima

o calorzinho em

___ continuar.

 

(ai, esses difíceis

amores, quando toda

molhada!)

 

 

#5

Ninguém

acha normal

ou saudável,

 

que se perca

tempo com a

___ mãozinha,

 

no chuveiro ou

na almofada

quando sozinha,

 

como é tão bom

o calorzinho

___ inalterável.

 

(ai, esses difíceis

amores, quando

bem acordada!)

 

 

#6

Para quem não

o quer ver no

mesmo patamar,

 

o calorzinho é

uma espécie de

___ estágio,

 

para o grande

desafio do nosso

___ adágio,

 

o prazer a dois

sempre sempre a

___ transbordar.

 

(ai, esses difíceis

amores, mesmo

quando a dormir!)

 

 

#7

O prazer de par

em par bem

___ conseguido,

 

confesso que o sei

de muitas lá para o

___ calhariz,

 

nuns casos sei que

tiveram um final

___ feliz,

 

noutros desconfio

que não passou do

___ prometido.

 

 

(ai, esses difíceis

amores, mesmo que

só a sonhar!)

 

 

Lisboa, 31.3.05

 

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ABBA “Gimme! Gimme! Gimme! (1979)

 

http://www.youtube.com/watch?v=ibtOshtX7T0

 

 

Lembrança dos ABBA


#8

As mulheres

que não

atraem,

 

dificilmente

têm prazer

sozinhas,

 

ou só o terão

como as suas

vizinhas,

 

mas nunca com

quem gostem

quando saem.

 

(ai, esses difíceis

amores, mesmo

quando traem!)

 

 

#9

É que o calor-

zinho vem sempre

muito igual,

 

numa pequena

libertação com

muita pinta,

 

sem nunca

deixar que o

corpo minta,

 

como poucas

vezes numa

relação conjugal.

 

(ai, esses difíceis

amores, mesmo

que sentimental!)

 

 

#10

Sabemos que

nenhum homem

pode mentir,

 

quando o seu

calorzinho é

uma certeza,

 

homem satisfeito

fica sempre seco

na sua pureza,

 

enquanto ela

coitadinha leva seca

sem o sentir.

 

(ai, esses difíceis

amores, mesmo

a dormir!)

 

 

#11

Mulheres que levam

seca na cama perdem

toda a graça,

 

pois deviam

conhecer o êxtase

da espuma do mar,

 

mas muitas vezes

mentem antes

de lá chegar,

 

quando deviam

perder mais tempo

com a sua taça.

 

(ai, esses difíceis

amores, que são

uma desgraça!)

 

 

#12

Em sua casa

ou porque não

no seu serviço,

 

qual é o problema

de se sentir um

calorzinho,

 

de podermos

dar-lhe continuidade

mesmo de mansinho,

 

ou será que

parecemos impuras

sem o toutiço.

 

(ai, esses difíceis

amores, parecidos

com um ouriço!)

 

 

#13

Seremos sempre

umas mulheres

perversas,

 

se um dia resol-

vermos contar

às amigas,

 

(mas ao marido

ou namorado

jamais o digas,

 

pois eles nunca

aceitariam que

terguiversas).

 

(ai, esses difíceis

amores, mesmo

entre travessas!)

 

 

#14

Para quem

vive muito

acompanhado,

 

ter um calor-

zinho rima

com traição,

 

o facto de se

sentir toda

essa agitação,

 

quer dizer que

se pensa num

outro desejado.

 

(ai, esses difíceis

amores, quando

ele é levado!)

 

 

Lisboa, 15.4.2005

 

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http://delicious.com/angella4addams/poems

 

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Google:

http://www.google.com/search2001.html

ABBA “the winner takes it all” (1980)

http://www.youtube.com/watch?v=gEHqyevj7ss

 

 

Lembrança dos ABBA

 

 #15

Qualquer prazer

será sempre

do mais forte,

 

e o que bem

quisermos

com ele fazer,

 

regra funda-

mental é

nunca perder,

 

mas estar

acompanhado

até à morte.

 

(ai, esses difíceis

amores, mesmo

sem norte!)

 

 

#16

Há que ter

sempre alguém

a nosso lado,

 

de livre vontade

e com as

mesmas defesas,

 

nas mesmas

condições mas

sem surpresas,

 

ás provocações

responder sem estar

transtornado.

 

(ai, esses difíceis

amores, mesmo

quando apavorado!)

 

 

#17

Porque é que

não se pode

mesmo estar,

 

sem pensar

no prazer tal

como ele é,

 

tal como o

imaginam ao

tomar um café,

 

se ás vezes

não o conseguem

concretizar.

 

(ai, esses difíceis

amores, mesmo

junto ao mar!)

 

 

#18

Será algumas

vezes por falta

de coragem,

 

será talvez por

pudor ou será

por timidez;

 

não pensem muito

acabem com

essa frigidez,

 

ponham-no já

em prática entre

a folhagem.

 

(ai, esses difíceis

amores, ou será

uma miragem!)

 

 

#19

Tenho uma

amiga que

hoje não vem,

 

mas pensa o

mesmo e está

mortinha,

 

de gostar que

alguém aqueça

a alminha,

 

por favor falem

se virem passar

alguém.

 

(ai, esses difíceis

amores, mesmo

sem ninguém!)

 

 

#20

Porque razão

tudo tem que

ser pensado,

 

não andei tanto

para ver esses

difíceis amores,

 

para falar ou

chorar cheia

de tremores,

 

basta somente

escrever quando

ele está prostrado.

 

(ai, esses difíceis

amores, mesmo

quando vergado!)

 

 

#21

Antes de me

pôr em frente

ao computador,

 

pensei muito

naquilo que

ia escrever,

 

agora que estou

mortinha por

desfalecer,

 

dá tu o primeiro

passo cheio

de amor.

 

(ai, esses difíceis

amores, mesmo

com alguma dor!)

 

 

Lisboa, 31.4.2005

 

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Google:

http://www.google.com/search2001.html

\”Borderline\” (1984)

 

 

Oficial Home-page:

www.madonna.com/

 

 

“A TUA LUZ” . por angela o.

 

 

Lembrança da Madonna

 

 

#1

A tua

luz eu

a procuro,

 

na minha

cegueira

silenciosa,

 

no abandono

ao grito puro,

 

em que acaricio

o sentido

da coisa,

 

e me abandono

ao teu futuro.

 

(escuta, pois

este meu dia

___ de desamparo).

 

 

#2

A tua

luz eu

a procuro,

 

num

soluço

baixinho,

 

neste

abandono

escuro,

 

em que

acaricio

o caminho,

 

e me abandono

junto ao teu muro.

 

(escuta, pois

este meu dia

 ___ de ínfima fraqueza).

 

#3

A tua

luz é uma

visitação,

 

que não

consigo

compreender,

 

quando me

abandono cheia

de agitação,

 

e lá no

fundo tento

tudo morder,

 

ao me abandonar

aos nós da tentação.

 

(escuta, pois

este nosso dia

___ é de celebração).

 

#4

Escuta nas

dobras da

tua comoção,

 

escuta nos

nós da ínfima

generosidade,

 

escuta – escuta

nos mínimos

da fusão,

 

todo este

desamparo que

é intimidade,

 

mais o absurdo desta

minha confissão.

 

(escuta, escuta pois                          

___tantos anos

à procura da luz).

 

Lisboa 5.4.05

 

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<a href=”http://blogs.icerocket.com/tag/madonna&#8221; rel=”tag”>madonna</a>

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– Madonna performed in Lisbon on the 14th and did her best impression of Baloo from The Jungle Boo

http://theblemish.com/2008/09/suck-it-madonna/

Google:

http://www.google.com/search2001.html 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

\”burning up\”

 

Lembrança de Madonna

 

 

#1

Sou um

pouco como a

libélula cativa,

 

— que vive

apenas uma

escassa hora;

 

todo o tempo

do mundo

ando fugitiva,

 

entre a alma

do poente e a

calma aurora.

 

 

#2

Aos primeiros

raios de sol nasço

cheia de beleza,

 

— e ao cair

da noite morro

toda humilhada;

 

não acredito que

este mundo é

lugar de tristeza,

 

embora me

extingue como

todas elas dobrada.

 

 

#3

Sou longeva

algumas vezes

outras inquieta,

 

— mas é no terror

das sombras que

lanço-me escondida:

 

em direcção aos

candeeiros embora 

sempre secreta,

 

como às labaredas

das fogueiras quando

não correspondida.

 

 

#4

São as labaredas

ardentes que

atraem-me,

 

— como quando

salto para uns

fortes braços;

 

fortes da vida

em que tudo de

mim saem-me,

 

perdendo-me

depois nas sombras

dos espaços.

 

 

#5

Também eu

tenho muitos

segredos dolorosos,

 

— pois acredito

que havendo luz

há vida e claridade;

 

sou atraída por

todos os esplendores

misteriosos:

 

como o riso dos

faunos ou o seu

olhar de liberdade.

 

 

#6

Sou atraída pelo

som de todos os

clarins desejados:

 

— tanto no mar

como na terra

gosto de ser amada;

 

são instantes

assombrosos que

ficam gravados,

 

se o sol me

ilumina deixando-me

arrebatada.

 

 

#7

Sou atraída por

todos os assombros

da paixão,

 

— pela romã cortada

ao meio com o

seu grito puro;

 

também pelo

cheiro acre daquilo

que me dão:

 

se a tua voz for

sem limites quando

em ti procuro.

 

 

Lisboa, 7.9.2004

 

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<a href=”http://blogs.icerocket.com/tag/madonna&#8221; rel=”tag”>madonna</a>

 

http://www.madonna-music.blogspot.com/

 

\”Into the groove\”

 

Lembrança da Madonna

 

#1

Praticar esse

saber

–  acordar;

 

tudo brotar

naquilo

– música,

 

possante

móvel o  

– homem nu,

 

um ser

musical pura

– matemática,

 

equação e

abismo a

– cru,

 

sentir dor

no aro

– fálica,

 

no fechamento

que

– penetrou.

 

#2

O texto faz

silêncio

– total,

 

o aro

adquire-o

– enfim,

 

música

escrita e

– cerebral,

 

mancha de

ruído

– sem fim,

 

sobre os teus

ombros

– de coral,

 

ser égua

ser peixe

–  ser tudo sim,

 

e no teclado

cair

– frontal.

 

#3

Num salto

mortal

 – conseguido,

 

para o texto 

a inclinação

– musical,

 

escrito e calado

na luta 

– comido,

 

mais o

abraçar

– teatral;

 

receptivo um

ao outro

– penetrado,

 

o homem nu

ao piano ser

– astral,

 

no combate

consigo

– cambial.

 

#4

Levantar o

espírito para

– ela,

 

debruçar-me

sobre o

– piano,

 

à luz

da tua

 – vela,

 

impressiona-me

este novo

–  plano,

 

através da

ramagem

–  amarela,

 

a música

ressoa este

– ano,

 

e o cheiro

percorre

– a trela.

 

#5

Reflectir no

piano nossas

– almas,

 

com intuito

de tudo

– devastar,

 

o músico nu

ouvi-lo na

– cama,

 

num muito

divino

– vergastar,

 

com nossa

escrita paixões

– na lama,

 

na força dos

nossos corpos

– manifestar,

 

o piano sem

peso no texto

– na trama.

 

Lisboa, 26.3.2004

 

 

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Lembrança de Artemisa Coimbra.

 

#1

– Assim pensava eu: “Ah! sim,

eu amo o meu namorado” e toda

a rapariga merece conhecer a dor

na flor dos anos – “c’est tout !”.

 

___mas tudo começou

um dia inespera-

damente,

 

para que a incrédula

angelina conhecesse

o seu choro;

 

todos se interrogavam

quem seria

aquele doente,

 

aquela forma

insegura de choro

nas mãos do mouro.

 

(- “Maridinho! Sabias que há

rapazes desequilibrados,

gente que usa e abusa da

condição física e até mata.)

 

 

#2

– Assim pensava eu: “Ah! sim,

eu amo o meu marido” e toda a

esposa merece conhecer a dor

na flor dos anos – “c’est tout !”.

 

___ mas inesperada-

mente da janela

subia aquele choro,

 

vindo do pátio

do lado sem luz

pois anoitecia;

 

do quarto se ouvia

a violência no ar

do silvo a couro,

 

a deselegância

do som que a todos

nos oprimia.

 

(- “Maridinho! Porque há

demasiados homens que

maltratam as esposas,

até na presença dos filhos?”).

 

 

#3

– Assim pensava eu: “Ah! sim,

eu amo o meu amante” e toda a

mulher merece conhecer a dor

na flor dos anos – “c’est tout !”.

 

___ mas não

era a primeira vez

confessou-me Angelina,

 

nem a segunda

ou seguramente

a última vez,

 

(que aquele som

 vinha de dentro num

choro de menina);

 

choro que  ia

subindo em violência

sobre a minha tez.

 

 (- “Maridinho! Sabias que há

amantes, gente de mau carácter

que usa e abusa da condição

física e que finalmente mata.)

 

 

#4

– Assim pensava eu: “Não!,

eu amo o meu namorado”

 e se tenho de sofrer tudo

– Meu Deus que não seja tudo já!)

 

___ era a violência

de dentro dos homens

como lama impura,

 

vindo do fundo

sem decoro que

não passa,

 

que nos fala

connosco como

nódoa escura,

 

na voz de ninguém

vindo da janela

sem vidraça.

 

(- “Maridinho! Sabias que

há namoradas  que morrem

porque tiveram o azar de

dormir com outros rapazes?

 

 

#5

– Assim pensava eu: “Sim!,

eu amo o meu marido” e se

tenho de sofrer tudo esta noite

– Meu Deus que seja tudo já!)

 

___ um silvo apenas

no ar horrível

como de um cinto,

 

som instalado nos

muitos silêncios

do pátio perdido,

 

sem crianças ou

televisões só o seu

choro contido,

 

estranho o silêncio

nocturno horrível

que tudo sinto.

 

(- “Esposo! Sabias que há

quem morra em Portugal

porque teve o azar de casar

ou dormir com o inimigo?)

 

 

Lisboa, 15.11.04

 

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Lembrança de Maria Teresa Horta

#1

Numa discussão política

nunca se descobre

___ a verdade,

 

mesmo se ditas em

silêncio as  palavras

___ estremecem,

 

que ninguém te

convide se for por

___ vaidade,

 

a sentares à mesa

e depois te dizerem que

te conhecem.

 

 

#2

Qualquer discussão à mesa

pode ser um amargo

___ castigo,

 

mesmo entre amantes

que se conhecem com

___ alguma calma,

 

até podem ser muito

jovens e só mostrarem

___ o umbigo,

 

que desperdício discutir

política à mesa sem

fulgor ou alma.

 

 

#3

Lembras-te quando

te descobri numa longínqua

___ recordação,

 

aquele teu marco o 1º de Maio

na Alameda que te

___ maravilhou,

 

(que por mim foi escolhida

por a teres vivido com intensa

___ emoção),

 

pois quando se é jovem

todo e qualquer

jardim cantou!

 

 

#4

Mas preferiste terminar

a noite numa conversa

___ dispersa,

 

quando a política começou

na muda das minhas

___ doces luas,

 

na Casa do Alentejo

naquele primeiro andar

___ onde a conversa,

 

sobre o sobrado decadente

embriagou-nos de todas

as praias nuas.

 

 

#5

“Rouca doçura a

desta onda de espuma”

– ouviste-me contida,

 

fechei os olhos e agarrei

com torpor a coluna de

___ alabastro,

 

convidaste para sairmos

pois estava toda tremula e

___ sentida,

 

“Há problema, moça”?

ouvi mas não disse nada 

agarrada ao mastro.

 

 

#6

Que problema poderia

haver aqui nesta minha

___ doce procura,

 

duma cidade assim? mas

deixaste correr as palavras  

___ na posição ideal,

 

e eu deixei deslizar os  

pés no soalho nesta

___ amarga tontura,

 

pois mentir não vale 

antes fazer sentir que a

carne nasceu do mal.

 

Lisboa, 4.6.2004

Lembrança de Adélia Lopes

#1

O homem

nu na sua

passagem,

 

e o olhar

preso ao seu

astro;

 

aquilo nu

na minha

___ paisagem,

 

como uma

bandeira no

___ mastro.

 

 

#2

Mas aquilo

está todo cru

e tapado,

 

e a minha

queda dá-se

no vazio;

 

olho agora o

homem nu e

___ tatuado,

 

e mexo mexo

o botão rosa

___ macio.

 

 

#3

Sinto esta

comunhão de

sensações,

 

a musica

ali toda

ardente;

 

a figura

erótica de

___ tentações,

 

sentida em

qualquer tarde

___ quente.

 

 

#4

Esta minha

vida nunca

fendida,

 

mesmo na

ausência

daquilo;

 

à atenção

se dá toda

___ perdida,

 

em qualquer

lugar

___ tranquilo.

 

 

#5

Pois possuo

o sinal da

realeza,

 

um poder

sobre qual-

quer rio;

 

de ler textos

mudos sem

___ fim,

 

enquanto

tu gritas eu

___ sorrio.

 

 

Lisboa, 24.5.2004

 

 

 

 

Lembrança de Adélia Lopes

#1

Oh! aquela voz

o seu convite

___ de novo,

 

(para nos

vermos mas

sem estragos;

 

não que me

repudie o gosto

dos espargos,)

 

mas prefiro comer

peixe cozido

___ com ovo.

 

 

#2

Foram palavras

e mais palavras

___ cheias,

 

(depois ouvi

aquela pausa

quente e pesada,

 

que pela linha

veio muito bem

pensada,)

 

aquela voz

directa e sem

___ peias.

 

 

#3

– Repudia-te comer

carne ou comes

___ peixe?,

 

(e aguardou

a minha

resposta,)

 

preferes comer

antes bacalhau

em posta?

 

foi quando me

despertou o luminoso

___ feixe.

 

 

#4

O Cupido ou

ele disparou

___ a seta,

 

(directo ao

coração envolto

em mel,

 

directo ao

dedo na forma

de anel,)

 

que sonhei

quando alcançava

___ a meta.

 

 

#5

– Quero este

homem para me

___ acordar,

 

(mesmo na derradeira

cama ou num

pufe vermelho,

 

sem luz que

cegue ou com

o teu verdelho,)

 

preciso de tudo

para poder

___ nadar.

                                                  

 

#6

Esta é a última

vontade de estar

___ a dois,

 

(aos meus

namorados antigos

e recentes,

 

deixo segredos

murmurados

entre dentes,)

 

ou a quem mais o

quiser descobrir sem

___ atrapalhar.

 

 

Lisboa, 6.5.2004